Prensadão #35: Como psicodélicos aprofundam a experiência musical
- Lucas Maia
- 28 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jun.

Pesquisas recentes têm aprofundado a compreensão sobre como os psicodélicos atuam na mente, revelando que fatores como ambiente, música e acolhimento influenciam significativamente os efeitos da experiência. Os estudos selecionados destacam não apenas o potencial terapêutico dessas substâncias, mas também os desafios psicológicos e emocionais que podem emergir após seu uso.
Este estudo envolveu método Delphi com 89 especialistas de 17 países para criar diretrizes para se reportar set e setting em pesquisas com psicodélicos. Em quatro rodadas, identificaram 49 variáveis contextuais e chegaram a consenso em 30 itens essenciais para descrever o ambiente físico, o procedimento das sessões, a estrutura terapêutica e as experiências dos participantes. Essas diretrizes, chamadas ReSPCT (Reporting of Setting in Psychedelic Clinical Trials), garantem que fatores contextuais sejam documentados claramente.
Este artigo revisa como psicodélicos reduzem depressão de forma rápida e duradoura, às vezes com apenas uma ou duas doses, em contexto psicoterapêutico. Destaca mecanismos biológicos (ativação de redes neurais), psicológicos (flexibilidade cognitiva), sociais (bem-estar relacional) e espirituais. Ao comparar com antidepressivos tradicionais, salienta diferenças e defende investigar fatores suprafarmacológicos – set, setting e integração – para compreender o efeito integrado dessas substâncias.
Este estudo reavaliou o papel da música em psicoterapia assistida por psicodélicos em pacientes no fim de vida. A análise fenomenológica de entrevistas após duas sessões mostrou que, para quem recebeu terapia com psicodélicos, a música deixa de ser gravação externa e se transforma em experiências multisensoriais internas, com “personagens” que interagem no processo terapêutico. Isso contrasta com o grupo placebo e sugere mudanças na forma de usar música em PAP.

Este estudo investigou o sofrimento existencial duradouro após experiências psicodélicas, com base em entrevistas com 26 pessoas. Os participantes relataram confusão sobre propósito e existência, além de impactos emocionais, sociais e corporais. Para aliviar esse mal-estar, recorreram a práticas de aterramento e à reorganização de seus referenciais mentais para dar sentido à experiência. Os achados destacam como experiências desafiadoras podem desencadear processos profundos de reconstrução pessoal e de ampliação do modo como se compreende a realidade.

Este estudo qualitativo investigou experiências subjetivas com psilocibina em adultos saudáveis, usando análise fenomenológica e entrevistas semiestruturadas. Os participantes relataram maior sensibilidade emocional, empatia ampliada, conexão profunda com outros e capacidade reforçada para resolver questões pessoais. Também descreveram mudanças duradouras em comportamento, valores e interesses, indicando potencial de crescimento pessoal. Os resultados oferecem um entendimento estruturado dos efeitos subjetivos da psilocibina, fornecendo subsídios para sua integração na prática psicoterapêutica.
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Vale destacar que, embora os resultados sejam promissores, a maioria dos estudos com psicodélicos ainda está em fases iniciais. Tratamentos para transtornos como depressão e ansiedade devem ser feitos em contexto clínico. Se você é uma pessoa saudável e tem interesse em vivências psicodélicas, procure sempre orientação de pessoas confiáveis, em contextos seguros, adequados e com o devido preparo.